terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Amor Divino e o Amor Humano - William Barclay


O Amor Divino e o Amor Humano

7. Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. 9. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. 10. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. 11. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. 12. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor. 13. Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu Espírito. 14. E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo. 15. Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus. 16. E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. 17. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. 18. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. 19. Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. 20. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? 21. E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1 João 4:7-21)

Introdução

Esta passagem está tão estreitamente entrelaçada entre si, que faremos bem em lê-la primeiro como um todo, e logo pouco a pouco, extrair seus ensinos.  Contudo, antes de mais nada, vejamos seu ensino sobre o amor.

I.  O amor tem sua origem em Deus  v, 7

Todo amor tem sua fonte no Deus de amor. O amor humano é o resplendor de algo na própria natureza divina. Nunca estamos tão perto de Deus como quando amamos. Quando amamos, levamos sobre nós o resplendor de Deus, e vivemos a genuína vida de Deus. O amor nos irmana com Deus. Aquele que permanece em amor permanece em Deus (v, 16). O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26). Deus é amor e, portanto, para ser como Deus, para ser o que foi destinado a ser, o homem também deve amar.

2. O amor tem uma dupla relação com Deus

Só mediante o conhecimento de Deus aprendemos a amar, e só no exercício do amor conhecemos a Deus (vv,7 e 8). Quando Deus habita em nossa vida aprendemos a amar; e quando amamos, aproximamo-nos ainda mais e mais a Deus. O amor provém de Deus e nos leva a Deus e nos devemos levar outras pessoas a desfrutar do amor de Deus.

Você já parou para pensar em quantas pessoas já estão mortas espiritualmente, e caminham para a perdição eterna? Lembremo-nos que a grande maioria das pessoas no nosso mundo ainda não entregou sua vida para Cristo, e bilhões sequer ouviram falar Dele. Se números não mexem com o seu coração, pense nas pessoas que você conhece, que você ama. Todas elas já pertencem ao Senhor? Essas pessoas que não pertencem ao Senhor têm nomes é histórias de vida.  O que temos feito por elas? Já evangelizamos? Temos orado por elas? Temos demonstrado com atos e palavras o amor do Pai para elas? Precisamos buscar no Pai o amor ao próximo, e nos empenhar por completo nisso. Essa maneira de viver será o melhor louvor e adoração que poderemos oferta-Lo.

3. Mediante o amor conhecemos a Deus v, 12

Não podemos ver a Deus, porque Ele é Espírito; o que podemos ver é o efeito de Deus. Não podemos ver o vento, mas sim o que o vento faz. Não podemos ver a eletricidade, mas sim os efeitos que produz. Agora, os efeitos de Deus são o amor. Quando Deus chega ao homem este fica coberto pelo amor de Deus e o amor dos homens. Podemos conhecer a Deus por seu efeito na vida desse homem. Como alguém disse: "Um santo é um homem em quem Cristo volta a viver", e a melhor demonstração de Deus não chega mediante argumentos, mas sim através de uma vida de amor. Numa vida tal vê-se a Deus como Ele não é visto em nenhuma outra manifestação. A ilustração a seguir mostrar-nos claramente esta verdade.

No corre-corre de um terminal rodoviário algumas pessoas derrubaram um tabuleiro de maçãs-do-amor, esparramando-as pelo chão. Somente um homem parou para ajudar a pequena vendedora. Ao começar a recolher as frutas, ele percebeu que ela era cega. Gentilmente ajudou-a a levantar o tabuleiro e a ajuntar as maçãs. Ao ficar verificar que várias de suas frutas se estragaram na queda, a menina ficou visivelmente apreensiva: Minha mãe vai ficar muito triste. Não se preocupe, minha querida, disse-lhe o homem, eu pago as maças que se estragaram. Pagou e despediu-se dela, mas ela o chamou e perguntou: Moço, é você que é Jesus? Não, minha querida, mas sou um dos amigos dele.

Aprendemos com isto, que por intermédio da vida de um a pessoa que ama o próximo como a si mesmo, o Deus invisível, torna-se visível.

4. O amor de Deus nos é manifestado em Jesus Cristo (v, 9)

Em Jesus Cristo podemos ver a manifestação plena do amor de Deus. Quando olhamos a Jesus notamos duas coisas do amor de Deus:

I. É o amor que não reserva nada para si. Deus enviou a seu único Filho para os homens; Deus esteve disposto a entregar o que mais amava, a fazer um sacrifício que nenhum outro sacrifício podia superar, em seu amor para com os homens.

II. É um amor totalmente imerecido. Não seria estranho que amássemos a Deus, se lembrarmos todos os dons que nos deu, mesmo à parte de Jesus Cristo; o maravilhoso é que Deus ame a criaturas pobres e desobedientes como nós.

5. O amor humano é uma resposta ao amor divino (v, 19).

Amamos porque Deus nos amou. O propósito do amor de Deus é alentar em nós o desejo de amor a Deus como Ele nos amou primeiro e amar a nosso próximo como Ele o ama. O amor humano não é um produto do coração humano; não é algo que o coração humano pôde ter criado por sua própria conta; é a resposta ao amor de Deus.

6. Quando chega o amor, desaparece o temor (vv 17 e 18)

O temor é a emoção característica de alguém que espera ser castigado. Enquanto vemos a Deus como o Juiz, o Rei, o Legislador, certamente haverá em nossos corações um intenso sentimento de temor, visto que de fato, não merecemos outra coisa senão castigo, e até a aniquilação. Mas assim que conhecemos que Deus é amor, o amor joga fora o temor. É verdade que em seu lugar fica uma classe diferente de temor, o temor de afligir ao amor que nos amou tanto.

7. O amor de Deus e o amor do homem estão indissoluvelmente relacionados (vv 7, 11, 20,21)

C. H. Dodd diz belamente: "A energia do amor se descarrega seguindo as linhas de um triângulo, cujos vértices são Deus, a própria pessoa e o próximo".  Se Deus nos ama, nós devemos amar a outros, visto que nosso destino e nossa meta mais elevada é reproduzir a vida de Deus na humanidade e a vida eterna em nosso próprio tempo. João diz, com uma brusca franqueza, que aquele que diz amar a Deus mas aborrece a seu irmão, não é outra coisa senão um mentiroso. A única forma de provar que amamos a Deus é amar os homens, aos quais Deus ama. A única maneira de comprovar que Deus está em nossos corações, é mostrar constantemente em nossas vidas o amor aos homens.

Autor: William Barclay – Adaptado por: Antonio Eugênio

Nenhum comentário:

Postar um comentário