sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Nascimento Do Rei - Mateus 1 - 2


O Nascimento Do Rei

Mateus 1  -  2

Se um homem aparece de repente dizendo ser rei, a primeira coisa que as pessoas querem ver são as provas. De onde vem? Quem são seus súditos? Quais são suas credenciais? Prevendo essas perguntas importantes, Mateus começa seu livro com um relato detalhado do nascimento de Jesus Cristo e dos acontecimentos subsequentes. Ele apresenta quatro fatos sobre o Rei.

1. A Linhagem Do Rei (Mt 1:1-25)

Uma vez que a realeza depende da linhagem, era importante determinar o direito de Jesus ao trono de Davi. Mateus apresenta a linhagem humana de Jesus (Mt 1:1-25) bem como a divina (Mt 1:18-25)

A linhagem humana (vv. 1-17).

Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão; E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa; E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias; E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias; E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias; E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para babilônia. E, depois da deportação para a babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel; E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor; E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde; E Eliúde gerou a Eleázar; e Eleázar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações. (Mateus 1:1-17)


Os judeus davam grande importância às genealogias, pois, sem elas, não podiam provar que faziam parte de determinada tribo nem quem possuía direito de herança. Qualquer um que afirmasse ser “filho de Davi” deveria ser capaz de provar tal afirmação. Costuma-se concluir que Mateus apresenta a genealogia de Jesus pelo seu padrasto, Jose, enquanto Lucas fornece a linhagem de Maria (Lucas 3:23-37).

Muitos leitores pulam essa lista de nomes antigos e, em alguns casos, impronunciáveis. Mas essa “lista de nome” é essencial para o registro do evangelho, pois mostra que Jesus Cristo faz parte da história. Mostra também que toda a história de Israel preparou o cenário para seu nascimento. Em sua providência, Deus governou e prevaleceu sobre os acontecimentos históricos, a fim de realizar seu grande propósito de trazer seu filho ao mundo.

Essa genealogia também ilustra a maravilhosa graça de Deus. É muito raro encontrar nomes de mulheres em genealogias judaicas, pois os nomes e heranças eram passados para os homens. No entanto, encontramos nessa lista referências a quatro mulheres do Antigo Testamento: Tamar (Mt 1:3), Raabe e Rute (Mt 1:6), e Bate-Seba, “a que fora mulher de Urias” (Mt 1:6).

Fica claro que Mateus deixa alguns nomes de fora dessa genealogia. É provável que tenha feito isso a fim de apresentar um sumário sistemático de três períodos na história de Israel, cada um com catorze gerações. O valor numérico das letras em hebraico para “Davi” é igual a catorze. Talvez Mateus tenha usado essa abordagem a fim de ajudar seus leitores a memorizar essa lista complicada.

Muitos judeus eram descendentes do rei Davi. Seria preciso mais do que um certificado de linhagem para provar que Jesus Cristo era “filho de Davi” e herdeiro do trono de Davi. Daí a grande importância de sua linhagem divina.

A linhagem divina (vv. 18-25).

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus. (Mateus 1:18-25)

Mateus 1:16 e 18 deixam claro que o nascimento de Jesus Cristo foi diferente daquele de qualquer outro menino judeu mencionado na genealogia. Mateus ressalta que José não “gerou”. Jesus Cristo. Antes, José foi “marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. Jesus nasceu de mãe terrena, sem a necessidade de um pai terreno. Esse fato é chamado de doutrina do nascimento virginal.

Cada criança que nasce é uma criatura totalmente nova. Mas Jesus Cristo, sendo o Deus eterno (Jo 1:1, 14), existia antes de Maria, de José ou qualquer outro de seus antepassados. Se Jesus Cristo tivesse sido concebido da mesma forma que qualquer outra criança, não poderia ser Deus. Era necessário que viesse ao mundo por meio de uma mãe terrena, mas sem ser gerado por um pai terreno. Assim, por um milagre do Espírito Santo, Jesus foi concebido no ventre de Maria, uma virgem (Lucas 1:26-38).

Há quem questione se, de fato, Maria era virgem, dizendo que “virgem”, em Mateus 1:23, deve ser traduzido por “moça”. Porém, a palavra traduzida por virgem nesse versículo tem sempre esse significado e não permite qualquer outra tradução, nem mesmo “moça”.

Tanto Maria quanto José pertenciam à casa de Davi. As profecias do Antigo Testamento afirmavam que o Messias nasceria de uma mulher (Gn 3:15), da descendência de Abraão (Gn 22:18), pela tribo de Judá (Gn 49:1o) e da família de Davi (2 Sm 7:12,13). A genealogia de Mateus acompanha a linhagem através de Salomão, enquanto Lucas acompanha sua linhagem através de Natã, outro filho de Davi. É interessante observar que Jesus Cristo é o único judeu vivo que pode provar seu direito ao trono de Davi! Todos os outros registros foram destruídos quando os Romanos tomaram Jerusalém em 70 d.C.

Para o povo judeu daquela época, o noivado equivalia ao casamento – exceto pelo fato de que o homem e a mulher não coabitavam. Os noivos eram chamados de “marido e esposa”, e, ao fim do período de noivado, o casamento era consumado. Se uma mulher que estava noiva ficava grávida, isso era considerado adultério (ver Dt 22:13-21). Porém, José não pediu nenhuma punição nem o divorcio quando descobriu que Maria estava grávida, pois o Senhor havia lhe revelado a verdade. Todas essas coisas cumpriram Isaías 7:14.

Antes de terminar nosso estudo desta seção importante, devemos considerar três nomes dados ao filho de Deus. O nome Jesus significa “Salvador” e vem do hebraico Josué (“Jeová é salvação”). Havia muitos meninos judeus chamados Josué (ou, no grego, Jesus), mas o filho de Maria chamava-se “Jesus Cristo”. O termo Cristo quer dizer “ungido” e é o equivalente grego da designação Messias. Ele é “Jesus o Messias”. Jesus é o seu nome humano; Cristo (Messias) é o seu titulo oficial; e Emanuel descreve quem ele é – “Deus conosco”. Jesus Cristo é Deus! Encontramos a designação “Emanuel” em Isaias 7:14 e 8:8.

Assim, o Rei era um homem judeu e também o filho de Deus. Mas será que alguém reconheceu sua realeza? Sim, os magos que vieram do Oriente e o adoraram.

2. A Revência ao Rei (Mateus 2:1-12)

E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel. Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. (Mateus 2:1-12)

Devemos reconhecer que sabemos muito pouco sobre esses homens. A palavra traduzida por “magos” refere-se a eruditos que estudam as estrelas. O título dá a impressão de que eram mágicos, mas é provável que eram apenas astrólogos. No entanto, sua presença no relato bíblico não deve ser interpretada como confirmação divina para prática da astrologia.

Deus lhes deu um sinal especial, uma estrela miraculosa que anunciou o nascimento do Rei. A estrela guiou-os a Jerusalém; lá, os profetas de Deus lhes disseram que o Rei nasceria em Belém. Assim, os magos foram a Belém e, quando chegaram lá, adoraram o menino Jesus.

Não sabemos quantos magos havia. Por causa dos três presentes relacionados em Mateus 2:11, costuma-se supor que os magos também eram três, mas não sabemos ao certo. De qualquer modo, quando a caravana chegou a Jerusalém, trouxe consigo gente suficiente para causar tumulto em toda a cidade.

É preciso lembrar que esses homens eram gentios. Desde o começo, Jesus veio para ser “o Salvador do mundo” (Jo 4:42). Além de ricos, esses homens eram estudiosos – poderiam ser considerados os cientistas da época. Nenhuma pessoa culta que siga a luz que Deus lhe mostra pode deixar de adorar aos pés de Jesus. Em Cristo, “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2:3). Nele habita “corporalmente, toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9)

Os magos estavam à procura do Rei, mas Herodes temia esse Rei e deseja destruí-lo. Trata-se, aqui, de Herodes, o Grande, chamado de rei pelo senado romano por causa da influência de Marco Antônio. Herodes era um homem cruel e astucioso que não permitia a ninguém, nem mesmo aos membros da própria família, qualquer interferência em seu governo nem que se impedisse a satisfação de seus desejos perversos.

Assassino implacável, ordenou a morte da própria esposa e dos dois irmãos dela por suspeitar de traição. Casou-se pelo menos nove vezes, a fim de satisfazer sua luxúria e de fortalecer alianças politicas.

Não é de se admirar que Herodes tenha tentado matar Jesus. Afinal, desejava ser o único a usar o título de “Rei dos Judeus”. No entanto, havia outra razão para desejar se livrar de Jesus. Herodes não era judeu puro, mas idumeu, descendente de Esaú. Vemos aqui um retrato do conflito antiquíssimo entre Esaú e Jacó, que teve início antes mesmo de os meninos nascerem (Gn 25:19-34). É o espiritual contra o carnal, o piedoso contra o impiedoso.

Os magos procuravam o Rei; Herodes opunha-se a ele e os sacerdotes judeus o ignoravam. Os sacerdotes conheciam as Escrituras e mostravam o Salvador a outros, mas eles mesmos se recusaram a adorá-lo! Citaram Miquéias 5:2, mas não obedeceram à Palavra. Estavam a menos de 10 quilômetros do Filho de Deus e, no entanto, não foram vê-lo! Os gentios o buscaram e encontraram, mas os judeus não.

De acordo com Mateus 2:9, a estrela que guiava os magos não ficava sempre visível. Dirigindo-se a Belém, eles a viram novamente, e ela os conduziu à casa onde Jesus estava. A essa altura, José e Maria havia saído do local temporário onde Jesus havia nascido (Lucas 2:7). Os presépios tradicionais que reúnem pastores e sábios não são fiéis às Escrituras, pois os magos chegaram bem depois.

Mateus cita outra profecia que se cumpriu para provar que Jesus Cristo é o Rei (Mateus 2:5). Sua maneira de nascer cumpriu uma profecia, e o lugar onde nasceu cumpriu outra. Belém significa “casa de pão” e foi onde o “pão da vida” veio ao mundo (Jo 6: 48ss). No antigo testamento, Belém é associada a Davi, um tipo de Jesus Cristo em seu sofrimento e gloria.


3. A Hostilidade Contra o Rei (Mateus 2:13-18)

E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: Em Ramá se ouviu uma voz, Lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem. (Mateus 2:13-18)

Identifica-se alguém não apenas por seus amigos, mas também por seus inimigos. Herodes fingia querer adorar o Rei recém-nascido (Mateus 2:8), quando na verdade queria mata-lo. Deus mandou a José pegar a criança e Maria e fugir para o Egito, pois era perto e havia muitos judeus naquela região. Os tesouros recebidos dos magos seriam mais que suficientes para pagar as despesas da viagem e de estadia nessa terra estrangeira. Além do mais, havia outra profecia a ser cumprida, Oseias 11:1: “do Egito chamei o meu filho”.

A fúria de Herodes mostra seu orgulho; não permitiria que ninguém o enganasse, especialmente um bando de estudiosos gentios! Assim, decretou a morte de todos os meninos com até 2 anos de idade que ainda permaneciam em Belém. Não devemos imaginar aqui centenas de garotinhos sendo mortos, pois não havia tantos meninos dessa idade em Belém naquela época. Mesmo hoje, a população em Belém é de cerca de vinte mil habitantes. É bem provável que não tenha havido mais de vinte execuções. Mas é claro que uma só morte já teria sido demais!

Mateus introduz aqui o tema da hostilidade, do qual trata ao longo de todo o livro Satanás é mentiroso e assassino (Jo 8:44), e o rei Herodes não era diferente. Mentiu para os magos e mandou matar os meninos. Mas até mesmo esse crime hediondo foi o cumprimento da profecia em Jeremias 31:15. A fim de entendermos esse cumprimento convém fazer uma recapitulação da história judaica.

Belém é mencionada pela primeira vez nas Escrituras com referência à morte de Raquel, a esposa predileta de Jacó (Gn 35:16). Raquel morreu ao dar à luz um filho ao qual chamou Benoni, que significa “filho do meu sofrimento”. Jacó mudou o nome do menino para Benjamim, “filho da minha destra”. Os dois nomes são relacionados a Jesus Cristo, pois ele foi um “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53:3), e agora é o Filho de Deus, sentado a sua destra (Atos 5:31). Jacó levantou uma coluna para marcar o lugar da sepultura de Raquel nas cercanias de Belém.

A profecia de Jeremias foi proferida cerca de seiscentos anos antes do nascimento de Cristo, no contexto da captura de Jerusalém em cativeiro. Alguns dos cativos foram levados a Ramá, em Benjamim, perto de Jerusalém, episódio que lembrou Jeremias do sofrimento de Jacó quando Raquel morreu.

No entanto, na passagem de Jeremias é Raquel quem chora, representação as mães de Israel chorando ao ver seus filhos sendo levados para o cativeiro. Era como se Raquel dissesse: “Entreguei minha vida para dar à luz filho, e agora seus descendentes estão sendo destruídos”.

Jacó viu Belém como um lugar de morte, mas o nascimento de Jesus transformou-o num lugar de vida! A vinda do Messias traria libertação espiritual a Israel e, no futuro, o estabelecimento do trono e do reino de Davi. Um dia, Israel – “o filho do meu sofrimento” – seria chamado de “o filho da minha destra”. Jeremias deu à nação a promessa de que seriam restauradas a sua terra (Jr 31:16, 17), e a promessa foi cumprida. Porém, prometeu-lhes algo ainda maior: algum dia, a nação seria reunida e o reino seria estabelecido (Jeremias 31:27ss). Essa profecia também se cumprirá.

Hoje em dia, poucos identificam Belém como um lugar de sepultamento. Para muitos, é o lugar onde Jesus Cristo nasceu. Por ter morrido por nós e ter ressuscitado, temos um futuro promissor. Viveremos com ele para sempre na cidade gloriosa, onde não haverá mais morte nem lágrimas.

4. A Humildade do Rei (Mateus 2:19-23)

Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do SENHOR apareceu num sonho a José no Egito, Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas avisado em sonhos, por divina revelação, foi para as partes da Galiléia. E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno. (Mateus 2:19-23)

Herodes morreu em 4 a.C., o que significa que Jesus nasceu entre os anos 6 a 5 a.C. É impossível não ver o paralelo entre Mateus 2:20 e Êxodo 4:19, o chamado de Moisés. Como Filho de Deus, Jesus estava no Egito e foi chamado para ir para Israel. Moisés estava fora do Egito, escondendo-se para não ser morto, e foi chamado para voltar ao Egito. Mas os dois faziam parte do plano de Deus para a redenção da humanidade. José e sua família precisaram de coragem para deixar o Egito, a mesma coragem que Moisés precisou ter ao voltar para o Egito.

Arquelau era um dos filhos de Herodes, escolhido pelo pai para ser sucessor. No entanto, os judeus descobriram que, apesar de suas promessas de bondade, Arquelau era tão perverso quanto o pai. Assim, os judeus enviaram uma delegação a Roma para protestar contra sua coroação. César Augusto concordou com os judeus e o rebaixou a etnarca, com autoridade somente sobre metade do reino de seu pai (talvez, Jesus estivesse pensando nesse fato histórico quando contou a parábola das dez minas em Lucas 19:11-27.

Esse episódio todo é bom exemplo de como Deus conduz seus filhos. José sabia que, sob o governo de Arquelau, ele e sua família não estariam mais seguros do que estavam sob o governo de Herodes, o Grande. É provável que estivessem indo para Belém quando descobriram que Arquelau estava no trono. Sem dúvida, José e Maria oraram, esperaram e buscaram a vontade de Deus. O bom senso lhes recomentou cautela, e a fé pediu que esperassem. No tempo apropriado, Deus falou a José em sonho, depois do qual ele levou sua família para Nazaré, onde havia vivido antes (Mateus 2:19, 20).

Até essa mudança cumpriu uma profecia! Mais uma vez, Mateus ressalta que cada detalhe da vida de Jesus foi profetizado nas Escrituras. É importante observar que Mateus não se refere a um único profeta em Mateus 2:23; antes afirma que tudo ocorreu “para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas” (plural).

Jesus não é chamado de “nazareno” em nenhuma profecia específica. O termo nazareno costumava ser usado em tom de reprovação: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:46). Varias profecias do Antigo Testamento mencionam a rejeição do Messias em sua infância, e talvez seja a elas que Mateus esteja se referindo (ver Sl 22; Is 53:2, 3, 8). O termo “nazareno” passou a era usado tanto para Jesus quando para seus seguidores (Atos 24:5). Em diversas ocasiões, o Mestre é chamado de “Jesus de Nazaré (Mt 21:11; Mc 14:67; Jo 18:5, 7). No entanto, é possível que, guiado pelo Espírito, Mateus tenha observado uma ligação espiritual. entre o nome “nazareno” e a palavra hebraica netzer, que significa “um ramo ou renovo”. Vários profetas deram esse titulo a Jesus (ver Is 4:2; 11:1; Jr 23:5; 33:15; Zc 3:8; 6:12, 13).
Jesus cresceu em Nazaré e foi associado a essa cidade. De fato, seus inimigos pensavam que ele era da Galileia (Jo 7:50-52). Uma pesquisa dos registros do templo teria lhes revelado que ele havia nascido em Belém.

Onde já se viu um rei nascer num vilarejo e crescer numa cidade desprezada? A humildade do Rei é, sem duvida alguma, digna de nossa admiração e um exemplo a ser seguido (Fp 2:1-13).

Fonte: Comentário Bíblico Expositivo – Autor:  Warren W. Wiersbe

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