quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ricardo Gondim - A mulher cristã e a Calça


A Bíblia proíbe a mulher cristã usar Calça?

Há igrejas que proíbem, terminantemente, às mulheres o uso de calças compridas. Utilizam, como argumento para validarem essa proibição, o texto de Deuteronômio 22:5.

Leiamos: A mulher não usará roupa de homem, nem homem veste peculiar à mulher; porque qualquer que faz tais cousas é abominável ao Senhor teu Deus.

É extremamente difícil estabelecer, primeiramente, quais eram as diferenças entre as vestes masculinas e femininas nos dias de Moisés. As palavras hebraicas originais usadas para denotar casaco, capa, cinto, são empregadas indistintamente tanto para designar vestes masculinas como femininas. Diferenciava-se o gênero de uma vestimenta com parâmetros diferentes dos nossos. Muitas vezes as roupas de um homem e de uma mulher eram exatamente iguais. Distinguia-se uma da outra, unicamente, pela finura do tecido usado para confeccionar as roupas das mulheres. Daí partimos para o nosso primeiro argumento:
O que uma sociedade estabelece indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região geográfica. As roupas das mulheres da Palestina podem não transparecer feminilidade noutro país; em nossa cultura, por exemplo, iriam ser consideradas muito pouco femininas. Um homem que usasse, aqui no Brasil, aquilo que os beduínos consideram ser roupa masculina, certamente seria alvo de risos e provocações. Por outro lado, alguém vestido de bombachas gaúchas nas ruas de Nazaré, também seria o centro de todos os olhares da cidade.

Não compete ao Espírito Santo designar quais roupas são masculinas ou femininas; isso é convenção cultural, portanto humana. O índio do Amazonas ostenta sua masculinidade com um certo tipo de cor pintado nas maçãs do rosto. Na Escócia, saias de lã, traspassadas e seguras por um grande alfinete são traje de guerreiro. Em segundo lugar, deve-se observar que as roupas e tradições também variam de geração para geração. Aquilo que se determinava como roupa masculina duzentos ou trezentos anos atrás, pode ser hoje um traje muito afeminado, como é o caso das calças justas usadas por navegadores, ou dos brincos que os piratas (os quais eram tudo, menos afeminados) ostentavam nas orelhas.

O que era considerado vestimenta masculina algum tempo atrás é permitidohodiernamente às mulheres, sem que com isso elas estejam masculinizando-se. O caso mais típico dessa argumentação vem das calças compridas. É verdade que as calças compridas eram roupas de homem ainda no começo deste século. Como as mulheres passaram a trabalhar fora de casa e necessitavam de roupas fortes que protegessem suas pernas do frio e dos acidentes de trabalho, o uso acabou sendo inevitável. Inicialmente, causava inquietação e gerava muita tensão; porém, como o costume não ad-vinha de uma tentativa de masculinização, mas sim da carência de proteção, logo pôde contar com o consentimento da sociedade. Veja que uma necessidade social e não moral provocou essa mudança no comportamento das pessoas. Hoje as calças compridas já nem são mais roupas masculinas, e sim neutra sem seu gênero  ou epicenas, isto é, podem ser usadas tanto por homens como por mulheres.

Há outras vestimentas que também são neutras e não trazem qualquer inquietação, como por exemplo: as sandálias, dessas de borracha que usamos entre os dedos; as camisetas de malha, utilizadas tanto por homens quanto por mulheres cotidianamente; certos tipos de casaco, usados para nos proteger mos do frio; e até mesmo alguns modelos de armação para óculos de grau. Hoje, o que designa uma calça masculina ou feminina pode ser a cor (no Brasil uma calça de cor rosa é sempre para mulher) ou o zíper (convencionou-se que uma calça com fecho traseiro ou lateral é sempre para mulher). Sendo assim, quando Deus ordena que a mulher não se vista com roupas de homem, ele não está escolhendo certo tipo de roupa, mas apenas rechaçando o travestismo. O ideal de Deus é que os homens queiram ser homens e as mulheres desejem ser mulheres. A mensagem de Deuteronômio 22:5 trata de princípios, e não de uma lei sobre moda.

Extraido do livro é proibido - O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe
Autor: Ricardo Gondim 

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