O
que a Bíblia diz sobre moda, jóias e adornos
O
congresso, marcado com grande antecedência, reunira milhares de jovens de
várias partes do Brasil. Sobejava adrenalina espiritual na excitação daqueles
rapazes e moças. No primeiro culto, os grupos musicais tocaram com grande
unção, e a mensagem, ponto mais alto da noite, certamente incendiaria aquela
juventude para o reino de Deus. Mas o que se ouviu infelizmente caiu como uma
ducha d'água fria. Ao invés de pregar uma mensagem bíblica, o conferencista
destilou ataques sobre o que chamava de mundanismo.
Os congressistas escutaram que Deus desaprova a preocupação dos jovens em se vestirem bem ou usarem qualquer tipo de adorno no corpo. "Ele exige santidade dos seus filhos", argumentava o conferencista. Talvez tentando demonstrar fidelidade aos costumes dos antigos, levantou o dedo em riste denunciando: "as moças crentes que se entregarem à 'vaidade' não subirão ao céu no dia do arrebatamento. Esmaltes, brincos e lábios pintados são vaidade, e só vão para o céu os que não entregam sua alma à vaidade", exclamava fervorosamente. Mesmo omitindo o nome do pregador e em qual congresso aconteceu esse episódio, sei que muitos se identificarão com esses fatos, pois eles já aconteceram milhares de vezes em todo o Brasil. Algumas igrejas evangélicas assumiram uma postura restritiva de usos e costumes; hoje já não se diferencia a doutrina de Deus da doutrina dos homens. Será que Deus condena mesmo o uso de adornos, jóias e de roupas mais bem ajustadas ao tempo e à cultura do povo? A Bíblia contém referências claras afirmando que Deus não se agrada dos assuntos relacionados com vestimentas? Respondemos que não. Há uma igreja que tomou a seguinte decisão ministerial: Sobre as irmãs usarem cintos exagerados que chamem a atenção. O Ministério não concorda baseado na Bíblia em 1 Tm 2:9. É permitido o uso de cinto de couro ou de pano desde que o cinto não ultrapasse (dois centímetros). Quem não obedecer fica fora de comunhão até o uso permitido.
Os congressistas escutaram que Deus desaprova a preocupação dos jovens em se vestirem bem ou usarem qualquer tipo de adorno no corpo. "Ele exige santidade dos seus filhos", argumentava o conferencista. Talvez tentando demonstrar fidelidade aos costumes dos antigos, levantou o dedo em riste denunciando: "as moças crentes que se entregarem à 'vaidade' não subirão ao céu no dia do arrebatamento. Esmaltes, brincos e lábios pintados são vaidade, e só vão para o céu os que não entregam sua alma à vaidade", exclamava fervorosamente. Mesmo omitindo o nome do pregador e em qual congresso aconteceu esse episódio, sei que muitos se identificarão com esses fatos, pois eles já aconteceram milhares de vezes em todo o Brasil. Algumas igrejas evangélicas assumiram uma postura restritiva de usos e costumes; hoje já não se diferencia a doutrina de Deus da doutrina dos homens. Será que Deus condena mesmo o uso de adornos, jóias e de roupas mais bem ajustadas ao tempo e à cultura do povo? A Bíblia contém referências claras afirmando que Deus não se agrada dos assuntos relacionados com vestimentas? Respondemos que não. Há uma igreja que tomou a seguinte decisão ministerial: Sobre as irmãs usarem cintos exagerados que chamem a atenção. O Ministério não concorda baseado na Bíblia em 1 Tm 2:9. É permitido o uso de cinto de couro ou de pano desde que o cinto não ultrapasse (dois centímetros). Quem não obedecer fica fora de comunhão até o uso permitido.
Nessa mesma
reunião fatídica, o ministério decidiu ainda:
Sobre usar brincos, colares,
pulseiras ou anéis ou outro tipo de jóias ou bijuterias (SIC - segundo informação consta),
inclusive anel de formatura. O Ministério não permite pois está escrito em Dt
22:5; Rm 1:28; 1 Co 11:16; l Ts 5:23;l Tm 2:9;l Pe 3:4.
Quem não
obedecer será punido
Primeira vez – Chamar a
atenção dentro (sic) da Bíblia e 60 dias fora da comunhão.
Segunda vez – 180 dias de
prova.
Terceira vez – Um ano de
prova.
Quarta vez – Exclusão.
Exceção (sic): é permitido
usar relógio de pulso ou de bolso e alianças de casamento, noivados, bodas
(sic) de prata ou de ouro.
Transcritos
aqui no contexto deste livro, os textos acima podem parecer ridículos. Mas são
raros os momentos em que lento com irmãos e irmãs de algumas igrejas que não
surjam perguntas exatamente sobre esses assuntos. Viajando certa vez com um grupo
de pastores, perguntaram-me como eu conseguia manter um mínimo de vida cristã
entre os crentes da nossa igreja sem impor regras e normas. Não há o perigo de descambar?
Dando às pessoas liberdade, elas não acabam em autêntica libertinagem?
Mostrei-lhes que se nascemos do Espírito Santo, seremos guiados pelo mesmo
Espírito, e que se o coração está em submissão a Deus não há necessidade de
lei. Mostrei-lhes também que se Deus não for o Senhor, não há lei que imponha esse
sentido de responsabilidade. Procurarei provar que essas proibições são fruto
do autoritarismo inconseqüente de homens e que, na Bíblia, Deus não assume uma
postura condenatória quando relata o uso de jóias e adornos. Há vários trechos
nas Escrituras em que tanto os patriarcas quanto outras personagens da fé
(inclusive o próprio Deus Pai no Antigo Testamento, Jesus e os apóstolos no
Novo Testamento) não apenas usaram jóias, mas também aprovaram o seu uso. Deus
inúmeras vezes se valeu de metáforas nas quais se inseriram jóias, roupas caras
e adereços, a fim de simbolizar sua bênção para o seu povo.
Eis um exemplo:
Passando eu
por junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; estendi
sobre ti as abas do meu manto, e cobri a tua nudez, dei-te juramento, e entrei
em aliança contigo, diz o Senhor Deus; e passaste a ser minha. Então te lavei
com água, e te enxuguei do teu sangue e te ungi com óleo. Também te vesti de
roupas bordadas, e te calcei com peles de animais marinhos, e te cingi de linho
fino e te cobri de seda. Também te adornei com enfeites, e te pus braceletes
nas mãos e colar à roda do teu pescoço. Coloquei-te um pendente no nariz,
arrecadas nas orelhas e linda coroa na cabeça. Assim foste ornada de ouro e
prata; o teu vestido era de linho fino, de seda, e de bordados; nutriste-te de
flor de farinha, de mel e azeite; eras formosa em extremo e chegaste a ser
rainha. Correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era
perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor Deus. (Ez
16:8-14, grifos do autor)
O rico
patriarca Abraão dispunha de jóias em seu tesouro (Gn 13:2). Observe que o seu
servo, visitando a casa de Rebeca para convidá-la a desposar Isaque, não hesitou
em adorná-la com as jóias da riqueza de seu senhor: Tendo os camelos acabado de beber, tomou o homem um pendente de ouro de
meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos
de ouro. (Gn 24:22)
José, mesmo
sendo piedoso e temente a Deus, não recusou ataviar-se com as jóias que Faraó
lhe presenteou:
Então tirou Faraó o seu anel
de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e
lhe pôs ao pescoço um colar de ouro. (Gn 41:42)
Aos
sacerdotes, Deus mandou que se vestissem de forma meticulosa e bonita, pois as
vestes sacerdotais representariam um sinal da bênção do Senhor. Os artesãos
convocados para elaborá-las esmeraram-se nos detalhes e na riqueza de sua
confecção:
As vestes,
pois, que farão são estas: um peitoral, uma estola sacerdotal, uma sobrepeliz,
uma túnica bordada, mitra e cinto. Farão vestes sagradas para Arão, teu irmão,
e para seus filhos, para me oficiarem como sacerdotes. Tomarão ouro, estofo
azul, púrpura, carmesim e linho fino, e farão a estola sacerdotal de ouro,
estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino retorcido, obra esmerada. (Êx
28:4-6)
Isaías usa,
sem hesitação, a linguagem das roupas, jóias e adornos para simbolizar a bênção
de Jeová sobre Israel:
Desperta,
desperta, reveste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupagens
formosas, ó Jerusalém, cidade santa... (Is 52:1)
Jeremias,
falando em nome de Deus, chega a comparar o cuidado de uma noiva em não se
esquecer de seus adornos com Israel, que é indesculpável quando se esquece do
Senhor:
Acaso se
esquece a virgem dos seus adornos, ou a noiva do seu cinto? Todavia o meu povo
se esqueceu de mim por dias sem conta. (jr2:32)
Daniel é
muitas vezes citado nas igrejas evangélicas como homem sem vaidades por se ter
recusado a contaminar-se com os manjares que o rei comia. Entretanto, Daniel
não se recusou a vestir-se de materiais caros, ornar-se com beleza e andar de
acordo com a moda da Babilônia, onde passava seus dias de exílio:
Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar
interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes ler esta
escritura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura,
terás cadeia de ouro ao pescoço, e serás o terceiro no meu reino. (...) Então
mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro
ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu
reino. (Dn5:16,29)
Já para o
sumo sacerdote Josué, vestir-se com roupas caras representou uma revirada na
sorte. Como Israel não conseguia recuperar-se nunca de seus constantes fracassos,
Deus prometeu a Zacarias que reverteria a sorte de sua nação, assim como estava
fazendo com Josué. Tal reviravolta seria tão radical, que seria como se uma pessoa
que se vestisse de andrajos passasse a trajar-se com roupas de alto valor:
Tomou este a palavra, e disse aos que estavam
diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que
passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de finos trajes. (Zc 3:4)
Ao contar a
parábola do Filho Pródigo, Jesus não receia afirmar que o pai ornou o seu filho
com um anel. Embora aquele anel representasse uma forma de restituir a autoridade
do filho, não se pode esquecer de que o anel também era uma peça de ouro e de
adorno:
O Pai, porém, disse aos seus
servos: Trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés. (Lc 15:22)
Ao contar
as chamadas Parábolas do Reino, no capítulo 13 de Mateus, Jesus não atribuiu
qualquer valor negativo àquele que negociava pérolas. Talvez, em alguns
círculos religiosos de hoje, um vendedor de pérolas fosse aconselhado a
abandonar o seu negócio, pois estaria comercializando objetos de vaidades.
Cristo, entretanto, usou esse ofício para exemplificar o reino de Deus.
O reino dos céus é também semelhante a um
que negocia e procura boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor,
vendeu tudo o que possuía, e a comprou. (Mt 13:45-46)
Ora, se Deus não assume uma
postura condenatória sobre o uso de objetos de adorno ou moda, de onde vem essa
abundância de doutrina humana reprovando severamente os jovens que se trajam de
acordo com a cultura e os hábitos de outros jovens?
Há várias explicações, mas
podemos restringir-nos a pelo menos três falácias usadas na defesa do legalismo
nas igrejas:
1. Há certo tipo de pessoa que necessita de cabrestos e leis
proibitivas.
Entenda-se
que esse tipo de pessoa seja o pobre e o simples. Esse argumento reforça a
idéia de que os pobres e os simples não têm condições de participar do
evangelho da graça. Aqueles que defendem esse argumento acreditam que há
pessoas social e culturalmente atrasadas e que precisam de cabrestos, leis
rígidas e muita proibição. Isso não é preconceito? A mocinha que freqüenta uma
congregação de periferia seria mais atrasada do que a mocinha que vive atrás
dos altos muros de um condomínio fechado? Ela não pode desfrutar do evangelho
da graça, sem o bordão da lei, para ser santa?
Será
que Deus realmente usa parâmetros diferentes quando lida com seus filhos? Com
esse arrazoamento chegaríamos à absurda conclusão de que há dois evangelhos: o
da graça, para os socialmente abastados e cultos; e o legalista, para os pobres
e indoutos. O Salmo 32.8-9 ensina que Deus não deseja estabelecer com ninguém
um relacionamento proibitivo; ele almeja que sejamos íntimos e livres para desfrutar
de sua companhia. Ele não quer nos mandar aos gritos, e sim deseja nossa obediência
por amor. Suas leis não são arbitrárias, elas almejam o nosso bem:
Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves
seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou
a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de
outra sorte não te obedecem.(Salmos 39.2)
2. Abertura
demais resulta em libertinagem.
De acordo
com esse argumento, não se pode pregar a liberdade em Cristo; devem-se manter
algumas proibições para as pessoas não partirem para o extremo da carnalidade.
A vulnerabilidade e falência desse raciocínio vem da baixa estima que se dá ao
poder do evangelho. Para essas pessoas, a mensagem da graça precisa do reforço
da lei. Será? Paulo afirma, repetidas vezes, que a mensagem da cruz não necessita
do auxílio da lei para alcançar seus extraordinários feitos:
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão. Eu,
Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos
aproveitará. (Gl 5:1-2)
A lei não
arbitra sobre a santidade. As proibições mostram-se inócuas na tarefa de
santificar os crentes.
Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e
bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido
sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo... Se morrestes
com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo,
vos sujeitais a ordenanças: Não manuseies isto, não proves aquilo, não toques
aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? pois que todas estas
cousas, com o uso, se destroem. Tais cousas, com efeito, têm aparência de sabedoria,
como culto de si mesmo, e falsa humildade, e rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. (Cl 2:16-17,20-23)
Paulo
insistiu com os crentes da Galácia para que aquelas normas e exigências do
Antigo Testamento minguassem diante da excelência da fé:
Porque nós, pelo Espírito,
aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque em Cristo Jesus, nem
a circuncisão, nem a incircuncisão, tem valor algum, mas a fé que atua pelo
amor. (Gl 5:5-6)
3. A salvação vem pela graça, porém a santificação depende de nós.
Segundo
essa inferência, Deus fez sua parte na cruz e agora exige que seus filhos se
aperfeiçoem em santidade. Mais uma vez nos defrontamos com uma argumentação falida
e sem sustentação teológica. Seria uma irresponsabilidade divina se Deus providenciasse,
através dos méritos exclusivos de Cristo, a nossa salvação e depois exigisse
que, por meio de nossos esforços, desenvolvêssemos o que ele começou. Tanto a
salvação como a santificação acontecem na vida do cristão pela fé, não advêm
dele mesmo, são dons gratuitos de Deus:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo
que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança
mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros,
que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada
para revelar-se nesse último tempo. (1 Pe 1:3-5)
Infelizmente
temos de admitir que alguns líderes, caudilhescamente, firmam-se em seus
cargos incutindo medo nas pessoas. Primeiro, diminuem a obra vicaria de Cristo pelas
exigências pesadíssimas que impõem sobre as pessoas. Depois, mantêm-nas presas
pelo medo inerente à quebra de algum dos inúmeros mandamentos apregoados a cada
sermão. Como legisladores de pesadas exigências religiosas, tais líderes se
estabelecem como autênticos messias. Essa situação é duradoura porque, ao
elaborarem um sistema tão implacável, ninguém nunca se sente isento de culpa para
poder questioná-los. Já me
perguntaram se considero autenticamente cristã uma pessoa presa pelo legalismo
religioso. Há duas dimensões nessa pergunta que necessitam ser pensadas. Uma
negativa e outra positiva.
Primeiro, analisemos, do ponto de vista negativo, o
caso dos líderes.
Jesus
condenou severamente os líderes religiosos que atam fardos pesados de normas,
exigências e condenações nos ombros das pessoas. A linguagem grave e reprovadora
em Mateus 23 evidencia a intolerância de Cristo em relação ao legalismo:
Atam fardos
pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto
eles mesmos nem com o dedo querem movê-los... Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não
entrais, nem deixais entrar os que estão entrando... Guias cegos! Que coais o
mosquito e engolis o camelo. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque
limpais o exterior do copo e do prato, mas estes por dentro estão cheios de
rapina e intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo, para
que também o seu exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por
fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de
toda imundícia. (Mt 23:4,13,24-27)
Nenhum
líder religioso pode alegar que não compreendeu bem os desígnios de Deus. Se
uma corte humana condena um médico por imperícia, imagine quando Deus trouxer
seus ministros diante do tribunal de Cristo para prestarem contas de como manusearam
sua Palavra. Paulo admoestou Timóteo - e por inferência, todos os obreiros -
sobre a responsabilidade de manejarem bem a Palavra da verdade:
Procura
apresentar-te diante de Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2 Tm 2:15)
Nesse
texto, manejar vem da palavra grega orthotomeo e transmite o conceito de
"cortar certo", como um soldado deveria fazer com sua espada.
Requer-se, portanto, que um líder saiba "cortar" corretamente o texto
sagrado, diferenciando o certo do errado e ensinando que a letra da lei mata,
enquanto o seu espírito (sentido, significação) vivifica. O legalismo é
in-justificável diante de Deus.
Segundo,
positivamente e com misericórdia, nós precisamos lembrar que o povo de Deus
está preso a um sistema religioso tiranizador. Essas doutrinas algemam as pessoas
a um evangelho que promete libertação, mas que, ao contrário, condena:
Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito;
e, uma vez feito, o tornais filho do Inferno duas vezes mais do que vós. (Mt
23:15)
Jesus
irou-se com os fariseus porque eles esmagavam seus prosélitos com uma religiosidade
perversa, condenando-os duas vezes mais. Por que esse duplo inferno? O legalismo,
além de não garantir salvação, oprime lastimosamente devido à pressão de
leis arbitrárias. O inferno é dobrado também, porque a própria instituição que promete
libertação e vida abundante responsabiliza-se em criar métodos para impedir que
suas promessas se concretizem.
Vale
lembrar a admoestação de 1 Pedro 5:1-3:
Rogo, pois,
aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos
sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser
revelada: Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por
constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância,
mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes
tornando-vos modelos do rebanho.
Os valores
estéticos da Bíblia não estão ligados sempre à moralidade. Uma mulher bem
vestida e adornada nos tempos bíblicos não representava vulgaridade ou falta de
temor a DeuS. Tenho como certeza que se algumas delas
comparecessem aos nossos cultos chamariam a atenção pelo número de anéis em
seus dedos, pelas tinturas do cabelo ou pela forma de se trajar. Surpreendi-me,
por exemplo, quando visitei a índia. As mulheres cristãs vestem-se como todas
as demais mulheres indianas, com o tradicional sari. Eu não saberia descrevê-lo
com todos os detalhes. O pano se enrola no corpo da mulher por tantas voltas que
somente as indianas ou alguém que more lá por muito tempo sabe explicar. Aqui,
basta dizer que o sari descobre a barriga e o umbigo. Com toda a minha
experiência internacional, confesso que me senti um pouco constrangido com
algumas senhoras de idade com a barriga de fora em pleno culto a Deus.
"Algumas mais gordas não deveriam se vestir assim", pensei. Mas
quando vi que as mulheres crentes usam brincos no nariz, anel nos dedos dos
pés, caí em mim. Eu estava tentando entender o costume dos indianos com a minha
mentalidade brasileira.
Com certeza muitas das proibições de nossas igrejas foram importações culturais que uma mentalidade missionária forçou sobre nós e que aceitamos sem
questionar.
Extraido do livro é proibido - O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe
Autor: Ricardo Gondim
Nenhum comentário:
Postar um comentário